jueves, 16 de julio de 2009

ELDORADO em Piracicaba



O ponto de partida do espetáculo Eldorado foi uma rabeca, instrumento musical que pode ter três, quatro ou seis cordas e que varia sua afinação, formato e madeira usada. Foi dessa versatilidade que se apoderaram Santiago Serrano e Eduardo Okamoto, criador e ator , respectivamente, da montagem que será apresentada hoje no Sesc, às 20h, no projeto Quarta Cênica, com direção de Marcelo Lazaratto.

Em cena, Okamoto – vencedor do Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba) em 2008 como melhor espetáculo e ator por Agora e na Hora de Nossa Hora – conta a história de um cego rabequeiro que, acompanhado de uma menina, procura o que nenhum homem pôde achar: Eldorado. “O processo de criação desta montagem demorou três anos. Meu ponto de partida foi a rabeca, que é um instrumento muito parecido com o violino, porém, cada rabeca é única, construída sob uma forma, um ponto de vista, uma madeira, uma afinação. Não existe padrão, assim como as pessoas”, conta Okamoto. “Foi esse instrumento arraigado na cultura popular, somado a essa certa imprevisibilidade que me estimulou a pesquisar os rabequeiros, assim, colhi gestos, canções, costumes e incorporei ao processo”, fala o ator.

Okamoto criou um personagem cego. “Vi muitos rabequeiros cegos durante a pesquisa”, confessa. “Durante os laboratórios eu percebi que andava muito com a rabeca de um lado para o outro. Parecia um busca, um lugar que eu tinha que encontrar. Foi aí que convidei o Serrano para escrever a dramaturgia inédita e o Marcelo Lazaratto para me dirigir na montagem”, aponta Okamoto.

O processo de criação de Eldorado sustenta-se, sobretudo, na interação entre o material corpóreo levantado pelo ator e pela criação literária de Serrano. O espetáculo pretende, por isto, valorizar o processo na sua força: atuação e texto. Assim, emprega pouquíssimos recursos materiais, transferindo para o corpo do ator, para o uso da palavra e para a iluminação as tarefas de significação. Sobre o palco nu, destaca-se pela luz a presença de um homem cego que anda em círculos e imagina, cria, inventa realidades em busca do conhecimento. Enquanto atravessa geografias, esse homem se depara com os pequenos acontecimentos poéticos do cotidiano, encenado numa história que nasce da observação da realidade e da interação com construtores e tocadores de rabeca.

SOLISTA – Eduardo Okamoto é formado em artes cênicas pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Tem mestrado em artes pela mesma universidade e, atualmente, desenvolve seu trabalho de doutorado. Desde 2000, pesquisa o trabalho de ator sob orientação do Lume – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp. Já apresentou espetáculos e ministrou cursos em diversas cidades do Brasil e em países como Espanha, Suíça e Alemanha. Atualmente é professor do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

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