10 anos por uma escrita no corpo
Em 2010, o ator paulista Eduardo Okamoto completa 10 anos de pesquisas sobre a chamada dramaturgia de ator ou dramaturgia do corpo modalidade de criação teatral fundada na organização de repertórios físico-vocais do atuante. O projeto 10 ANOS POR UMA ESCRITA DO CORPO celebra e sintetiza alguns destes resultados, num evento-inventário dos processos vivenciados pelo ator.
Composta pelos espetáculos ELDORADO; AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA e UMA ESTÓRIA ABENSONHADA, além de oficina, lançamento de livro e demonstração técnica de processo criativo, 10 ANOS POR UMA ESCRITA NO CORPO chega em Natal, única cidade do Nordeste em que a mostra será apresentada, no dia 20 de maio e permanece com atividades quase simultâneas até dia 26 de maio.
Enquanto os espetáculos e lançamento de livro serão recebidos na Casa da Ribeira, as atividades formativas (curso e demonstração técnica) serão realizadas no Departamento de Artes da UFRN. A programação desta circulação foi contemplada pelo Prêmio Myriam Muniz de Teatro 2009.
MOSTRA 10 ANOS POR UMA ESCRITA DO CORPO
- de 20 a 26 de maio
- na Casa da Ribeira e no depto. de Artes Cênicas da UFRN (DEART).
Com os espetáculos
AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA
- dias 20 e 21 de maio, às 20h, na Casa da Ribeira;
- classificação 14 anos;
- R$ 14 inteira e R$ 7 estudante.
Após o espetáculo, lançamento de livro "Hora de nossa Hora: o menino de rua e o brinquedo circense".
UMA ESTÓRIA ABENSONHADA
- dias 22 e 23 de maio, às 20h, Casa da Ribeira;
- indicação etária livre;
- R$ 14 inteira e R$ 7 estudante.
ELDORADO
- dias 25 e 26 de maio, às 20h, na Casa da Ribeira;
- classificação 12 anos;
- R$ 14 inteira e R$ 7 estudante.
E mais:
DEMONSTRAÇÃO TÉCNICA
dia 24 de maio, às 19h, no DEART/UFRN.
Entrada franca com distribuição de ingressos uma hora antes.
Oficina: Dramaturgia do Corpo - de 22 a 24 de maio, no DEART, das 13h30 às 17h30. Inscrições e informações pelo telefone: 3211 7710
Maiores informações
Cris Simon 8868 7137
Programação artística
Abre a programação da mostra o espetáculo AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA, nos dias 20 e 21 de maio, às 20h, com ingressos custando R$ 14 inteira e R$ 7 estudante, na Casa da Ribeira. Solo de Eduardo Okamoto, o espetáculo começou ser criado quando o ator contribuiu para a concepção e desenvolvimento do projeto "Gepeto", inserindo crianças e adolescentes em situação de rua no mundo da arte. Passados os primeiros meses de atuação na coordenação das oficinas de circo, Okamoto passou a imitar meninos de rua coletando depoimentos, ações, gestos, vozes etc. Aos poucos, esta interação foi estendida aos meninos das ruas de Campinas, de São Paulo e do Rio de Janeiro, incluindo uma pesquisa sobre a Chacina da Candelária, quando, em 1993, oito crianças e adolescentes foram assassinados nos arredores da Igreja da Candelária.
A dramaturgia de AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA foi criada a partir da montagem destes materiais coletados e incorporados pelo ator e trechos de Macário, conto do escrito Mexicano Juan Rulfo. O espetáculo tem direção de Verônica Fabrini. AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA participou de grandes festivais de teatro do Brasil, como o Filo (em Londrina/ Paraná), o FIT São José do Rio Preto, o riocenacontemporanea (no Rio de Janeiro), o Cena Contemporânea de Brasília (no Distrito Federal) e também foi apresentado no exterior: Espanha, Suíça, Kosovo e Marrocos, onde o ator foi agraciado com o prêmio de Melhor Interpretação Masculina do Festival Internacional de Expressão Corporal, Teatro e Dança de Agadir.
Ainda no dia 20 de maio, após o espetáculo será lançado o livro "Hora de Nossa Hora: o menino de rua e o brinquedo circense" (Editora Hucitec, 2007). O livro de autoria de Okamoto sintetiza a sua experiência com os meninos de rua, assim como o processo que gerou o espetáculo.
Uma estória baseada em muitas histórias
Já nos dias 22 e 23 de maio, às 20h, com ingressos custando R$ 14 inteira e R$ 7 estudante, é a vez do espetáculo UMA ESTÓRIA ABENSONHADA, em que Eduardo Okamoto dirige atores do Grupo Camaleão de Pesquisa em Teatro, do Rio Grande do Sul. O espetáculo adapta para a cena o conto "A praça dos deuses", do escritor moçambicano Mia Couto. O processo de criação, assim como os solos de Eduardo Okamoto, contou também com um apurado trabalho de observação de pessoas reais. Nestes encontros, os atores entreviram centelhas de vida, pequenos milagres possíveis. Assim, intuiu-se: os fatos da realidade ordinária poderiam estimular a criação da realidade teatral extraordinária.
Em cena, os atores contam a história do rico comerciante Mohamed Pangi Pathel que, em 1926, despende sua fortuna para festejar, em praça pública, o matrimônio de seu único filho. Festa igual nunca mais se veria naquelas paragens. Nos trinta dias de duração dos festejos, a ilha inteira vinha e se servia às arrotadas abundâncias. Em final surpreendente, o ismaelita segreda-nos uma desculpa, revelando os motivos de tão inesperada celebração.
Rabequeiros e a busca por um ELDORADO
Completando a programação artística da mostra, dias 25 e 26 de maio, ELDORADO, um solo de Eduardo Okamoto cujo processo criativo foi fundado no estudo sobre a rabeca - instrumento de arco e cordas, parecido com violino, presente em muitas manifestações da cultura popular do Brasil. Em pesquisas de campo nas cidades de Iguape e Cananéia (litoral sul de São Paulo), o ator conheceu rabequeiros e seus construtores, recolheu causos, músicas, gestos, ações vocais, histórias etc. O premiado dramaturgo argentino Santiago Serrano partiu destes materiais primeiros para criar a fábula de um cego que, acompanhado por uma menina, busca o seu bom lugar: ELDORADO. O espetáculo é dirigido por Marcelo Lazzaratto que, em sua concepção de encenação, emprega pouquíssimos recursos materiais, transferindo para o corpo do ator, para o uso da palavra e para a iluminação as tarefas de significação. Sobre o palco nu, destaca-se pela luz a presença de um homem cego que anda em círculos e imagina, cria, inventa realidades em busca do conhecimento.
"ELDORADO" participou de alguns dos mais importantes eventos e festivais do país, entre os quais se destacam o Festival Internacional de Londrina, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, a Mostra Cena Contemporânea de Brasília e o Caxias em Cena, entre outros. Por sua atuação, Eduardo Okamoto foi indicado ao Prêmio Shell 2009, a mais prestigiosa premiação do país, na categoria de melhor ator.
Atividades formativas
Além da mostra artística com apresentação de espetáculos, o projeto ainda oferece duas atividades formativas: oficina e apresentação de demonstração técnica. Assim, os organizadores buscam uma ~partilha caleidoscópica" dos processos desenvolvidos até aqui, abarcando algumas das muitas facetas que pressionam as práticas de uma dramaturgia de ator: pesquisa; pedagogia; criação de espetáculos; registro sistemático de processos e elaboração de teoria.
OFICINA
Realizado de 22 a 24 de maio, das 13h30 às 17h30 no Departamento de Artes (DEART), UFRN, o curso DRAMATURGIA DO CORPO objetiva apresentar aos seus participantes as possibilidades de criação cênica partindo-se de materiais físicos e vocais. As inscrições podem ser feitas na Casa da Ribeira e maiores informações através do telefone 3211-7710.
Palestra/demonstração sobre processos criativos
Continuando a série de ações pela cidade, no dia 24 de maio, também no DEART/UFRN a partir das 19h, haverá uma demonstração técnica de processos criativos com Eduardo Okamoto, acompanhado dos atores do Grupo Camaleão: treinamento corporal e vocal; a imitação de pessoas reais como estímulo à criação de personagens; trechos de cenas são algumas das técnicas apresentadas na demonstração. Para participar deste evento não é preciso inscrição prévia, a entrada é gratuita, com distribuição de senhas 1 hora antes do início da demonstração.
Sobre Eduardo Okamoto
Sobre Eduardo Okamoto
Ator graduado em Artes Cênicas, Mestre e Doutor em Artes pela Unicamp, desde 2000, pesquisa o trabalho de ator sob orientação do Lume - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Teatrais da Unicamp. Seu espetáculo solo AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA cumpriu temporada em São Paulo e foi apresentado em alguns dos principais festivais de teatro do Brasil, onde recebeu inúmeros prêmios. No exterior, destaca-se a participação do espetáculo nos seguintes eventos: Festival Internacional de Teatro de Lugo e Festival Internacional de Teatro de Santiago de Compostela (Espanha); Festival Internacional de Teatro de Lugano (Suíça); Skena Up International Film and Theatre Festival, em Prístina (Kosovo); e Festival Internacional de Expressão Corporal, Teatro e Dança de Agadir, no Marrocos, onde foi contemplado com o premio de melhor ator do evento.
É autor do livro Hora de Nossa Hora: o menino de rua e o brinquedo circense (Editora Hucitec, 2007). A publicação analisa o processo de montagem de AGORA E NA HORA DE NOSSA HORA, iniciado com oficinas de circo para meninos de rua. Foi um dos fundadores do Grupo Matula Teatro, atuando nos espetáculos: Vizinhos do Fundo (2001), Versão Vida Cruel (2004) e Gosto de Terra (2005). Em 2004, junto com a Boa Companhia, realizou o espetáculo Mr. K e os artistas da fome, que estreou na Mostra Oficial do Festival de Curitiba e, em 2006, fez parte do projeto Copa da Cultura, realizando apresentações, demonstração técnica e oficinas na Alemanha. Atuou em vários projetos sociais com crianças, adolescentes, grupos de terceira idade, líderes comunitários do Orçamento Participativo de Campinas e população de rua. Em outubro de 2008, estreou no SESC Campinas o espetáculo ELDORADO que, no 1º semestre de 2009, cumpriu temporada em São Paulo, no Projeto Vitrine Cultural.
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