Noctiluzes e os Labirintos da Escuridão
Um pier, um lugar ermo, um mar secando, e três destinos em confrontos existenciais... É nesse espaço que os vaga-lumes e também os homens buscam sentido para sua sobrevivência entre a luz e a escuridão.
Este é o eixo temático da peça Noctiluzes, do dramaturgo argentino e já quase brasiliense, Santiago Serrano, em cartaz no CCBB. Um bom resultado cênico.
Nos caminhos entre a vida e a morte, uma cumplicidade involuntária. Alguém que quer morrer, alguém que precisa sobreviver e alguém com uma imagem equivocada de si mesmo e da humanidade. Cada um em busca ou à espera de seu Godot particular... O absurdo da existência e das relações, ou também da loucura dela(s) resultante. Sinal dos tempos, tateamos pela vida como desesperados à deriva de possíveis úteros como prisioneiros desejosos de uma luz no fim do túnel.
Sérgio Sartório (José) e Vinícius Ferreira (Baltazar) fazem um bom jogo cênico com o excelente Chico Santana, cujo personagem, Tirésias, conduz o olhar do espectador pelos labirintos da angústia, do desejo, do preconceito, e por que não dizer, do renascimento e revisão de valores éticos e morais.
Na co-direção de Noctiluzes, Sérgio Sartório e Rachel Mendes parecem tentar fazer um acerto de contas com suas próprias trajetórias artísticas e experiências não tão felizes do passado, dando a si mesmos a luz do teatro, como diante de um espelho, através de um bom exercício cênico e de um texto rico e original, como deve ser num teatro que se pretenda sério. A Cia Plágio, paradoxalmente, na contra-mão da sua própria história, parece ter aprendido a lição de como se fazer um teatro ético e profissional... Digno da boa safra brasiliense.
Adeilton Lima
Ator e diretor
Foto Alexandre Magno
NOCTILUZES
Não é todo dia que temos uma encenação de alto nível na nossa cidade (Brasília) e por isso temos que dar o devido respeito a essa peça de qualidade, onde um texto primoroso nos faz pensar em tantas coisas na vida (rindo e chorando). Em um cenário minimalista, três atores: Sérgio Sartório, Vinícius Ferreira e Chico Sant'Anna, com seus personagens nos entregam a verdade e ilusão da vida! Simplesmente perfeito!
Vavá Pereira
Foto Alexandre Magno
Fui ver Noctiluzes, Santiago Serrano. CCBB...há dois dias, e ainda tô vendo. Se falo disso, sinto de volta na pele, no olhar, na boca do estômago as histórias de lá que também são minhas. Queria que todo mundo assistisse.. e quero muito, talvez consiga, explorar mais e mais os espaços que vão se abrindo aqui a partir dali. São três personagens, super homens de tão humanos, e assim tudo no texto tem o alinhavo do paradoxo - aparece o precááário e junto dele, o mais rico, o extraordinário; o puro egoísmo e as mais fortes expressões de amor; o traço de mãe e pai determinando destino, e a impressionante liberdade do acaso alterando tudo; o impulso de morte, o desejo soberano de vida, e vai... Quem tava assistindo, tava sonhando os personagens. Diz um teórico da psicanálise que quando um pensamento tem dono, ele é falso, tipo "o autor pensou"..Diz que pensamento verdadeiro é sem pensador, precede o autor, é acolhido por ele, e provoca a capacidade de sonhar, de pensar além da razão, de sentir, provocando aberturas. Então, Noctiluzes é Verdade!!! Brigadíssimo, Santiago, e todo o grupo. Arte que faz diferença na vida da pessoa é bom demais!!! Bem-vindo à Brasília sempre!!! Prá quem não foi, ainda está em cartaz.
Tarcila de Castro
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